Olá, meu nome é Kaliane
Sampaio de Araujo Branco, esse é um relato de um parto nada complicado,
apenas um relato de algo tão importante quanto qualquer outra coisa nesse
mundo, pelo menos pra mim.
Eu completava exatas 39 semanas e 3 dias, quatro dias
talvez, sei lá, mas enfim, já estava que não aguentava mais, inchada, pesada e
ansiosa a ponto de ter um colapso nervoso a qualquer momento, pereço dramática,
eu sei, mas é sério, tinha chegado num ponto que a exaustão me venceu.
Sabemos bem que uma gestação pode durar até 42 semanas, mas
pelo histórico familiar (parto da minha irmã) na semana 39 eu deveria ter algum
sinal de trabalho de parto, pelo menos eu queria muito.
Na minha ultima consulta eu marquei uma cesariana para 31 de outubro, caso o bebê viesse antes
e naturalmente seria ótimo, pois era exatamente o que eu queria, infelizmente
não foi bem assim que aconteceu.
Sério, quem tiver lendo isso com olhos e pensamentos
julgadores, sugiro ler até o fim antes de tirar conclusões precipitadas, certo?
Continuando, na semana que antecedeu o parto, fiz caminhada,
faxina, agachamento e tudo mais que você puder imaginar, eu só queria um sinal,
mas não tinha. Me senti bastante egoísta com a decisão da cesariana, afinal uma
gestação saudável merecia ser levada ao fim, todos os planos que fiz, mas
enfim, estava chegando a data, no dia anterior o tampão saiu, nada mais
acontecia, no dia seguinte fomos ao hospital na hora marcada, no caminho parece
que minha bolsa estourou, mesmo assim não sentia absolutamente nada, já estava
lá e pronta, então que prosseguissem com a cesariana.

A cirurgia foi um sucesso, rápido, prático e indolor, apesar
de uma espera absurda, minha médica atrasou demais, mas enfim, deu tudo certo,
eu vi e ouvi um chorinho vindo de um bebê, era o meu bebê, tão linda,
exatamente como no 4D, a cara do pai rsrsrsrs, nossa foi emocionante, não teve
lagrimas da minha parte, estava um pouco tensa, mas eu olhei bem pra ela e
sabia que ela era minha menininha, coisa mais fofa, momento único, pra lembrar
eternamente.
Alguns minutos depois fomos informados que a nossa filha
ficaria em observação na UTI para monitorar o coração por conta do meu lúpus,
segundo os médicos a doença pode ou não afetar o coração do bebê, se for é
detectado em 24hs. Para nossa surpresa havia também outro detalhe, Aria nasceu com uma das perninhas torta
devido à posição uterina, mas havia sido ajustada pelas médicas, porém houve um
inchaço inesperado no joelho direito e isso preocupou a todos, para apavorar
ainda mais o hospital não dispunha de um ortopedista de plantão, o mesmo só
estaria disponível no dia seguinte para avaliar meu bebê.
Fui para recuperação, me sentia bem, o Fofão (esposo) cuidou
de todo o resto, mas o que deveria ser uma recuperação de até 3 horas durou muito
mais e subi para o quarto bem a noite, a família aguardava tensa, mas eu estava
bem, parece que perdi mais sangue que deveria e acabei evoluindo para um quadro
de anemia.
Isso sinceramente não afetava muito, eu estava bem, mas na
minha cabeça só queria saber da minha bebezinha que não estava ali comigo, com
a família.
Logo que me levantei da cama, tomei um banho observado e
fomos ver a bebê na UTI, ela estava bem, o joelhinho um pouco inchado, mas bem.
No dia seguinte tivemos a visita do ortopedista e parece que
não havia nada no joelho, mas ele sugeriu usar uma tala, para inibir o
movimento e ajudar a desinchar, parecia que tudo ia bem, mas pensa no momento
mais triste da vida de uma pessoa, ver seu bebê, tão indefeso e frágil, com
aquela tala enorme e pesada na perna, ai que tristeza no meu coração.
Aria subiu para o quarto como programado pela pediatra,
ainda com a tala, estávamos indo bem, ficamos no hospital até a sexta-feira de
manhã, meu aniversário foi no hospital e tive visitas especiais, isso ajudou a
aliviar a tensão.
Bom, o que na verdade quero dizer com esses detalhes todos é
que “Deus sabe o que faz”, eu mudei
de opinião sobre o parto quase que no meio da gestação, no início a cesariana
era minha meta, por medo de dor, mas quando os dias seguiram o medo da cirurgia
era maior que o da dor, então era parto normal na cabeça, além do que teria
analgesia como aliada, mas o destino me levou para outros caminhos.
Minha pequena teve uma complicação pós-parto que me deixou
de cabelo em pé, na verdade até hoje e não sei bem quando isso vai passar, morro
de medo do que pode acontecer, confio em Deus acima de tudo e sei que ele me
ajudou na hora que mais precisava, imagino que se eu tentasse parto normal com
mais duas ou três semanas para frente quem sabe o que poderia ter acontecido.
Por fim, eu declaro que agradeço a Deus em primeiro lugar e
meu esposo por estar sempre ao meu lado e a minha família que foi e é essencial.
Minha filhinha está bem e saudável, mais saudável a cada dia na verdade, o
quadro da perna não se agravou e parece estar mais normal cada dia que passa,
então só tenho a agradecer e agradecer.
Aos que leem esse relato eu digo, confiem acima de tudo em
Deus, entreguem seu caminho e deixe que ele faça o que tem que ser feito, o
mais importante é confiar.
Se minha vida mudou? Ahhh com certeza, a partir do momento
que ouvi um chorinho suave e vi um rostinho familiar, ahhh minha vida mudou
completamente, um amor muito, mas muito maior que o universo.
Bjooo